Ser professor em uma sociedade inchada de informações, radicalmente tecnológica e digitalizada é um oficio árduo que exige compromisso e competência do educador para enfrentar e vencer as complexidades e contradições que se apresentam no cotidiano escolar.
A cada dia se exige mais do professor. Principalmente, resultado, e no caso do ensino médio, por exemplo, esse resultado é a quantidade de alunos aprovados em certos cursos, que são mais concorridos que outros. E isso é natural, em uma sociedade mercadológica, voltada para a individualidade e para a meritocracia, onde “ser e ter” não se diferenciam em essência. Porém, é imprescindível, impregnar de eticidade e de valores o processo de ensino-aprendizagem para não corrermos o risco de “formar” apenas mão de obra qualificada para o mercado e não possibilitar a constituição de cidadãos críticos, conscientes e compromissados para a construção de uma sociedade melhor. Como explicitou Paulo Freire: ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.
Nunca gostei da palavra “formar” dentro processo de ensino-aprendizagem. Sempre achei uma palavra feia e fria. Formar se direciona a “forma”, modelo, algo pré-fabricado, que tem mais correspondência com embalagem, com rótulo do que com o conteúdo. O professor reflexivo é aquele que rejeita ser estereotipado como um transmissor de informações com funções puramente pragmáticas, que se nega fazer da educação um simples bem de consumo, é aquele que não aceita ser “professor-rótulo” ou “professor-embalagem”.
O professor reflexivo não se restringe a transmitir informações, mas possibilita a construção coletiva do conhecimento por todos os sujeitos envolvidos no processo dialógico-dialético de “ensinar-aprender-aprender-ensinar”. É aquele que dar sentido para o saber, um sentido multidimensional: ontológico, ético, político, pedagógico, epistemológico. É aquele que torna a educação, de fato, essencial. O professor reflexivo é aquele que possibilita o encontro dos saberes, que não se fecha em uma única forma de ensinar, que não se neutraliza frente as injustiças, que não silencia o aluno em seus direitos e que também não se silencia em seus direitos.
Parafraseando Rubem Alves “Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a
essência, minha alma tem pressa...” Construir uma educação de qualidade amparada de epistemologia e de valores é uma necessidade e uma exigência do nosso tempo, frente a uma sociedade acometida por injustiças e por todos os tipos de barbaridades. Continuar preso aos grilhões do capital que coisifica tudo que nos humaniza, como a educação, por exemplo, é reafirmar a caricatura de uma sociedade acomodada e abobalhada que se bestifica com a fome, a violência, os maus-tratos às minorias e o desamor a humanidade. Naturalizar a violência, talvez seja a pior tipo de violência!
José Kennedy O. de Araújo
Com toda a certeza do mundo, a relação professor-aluno é de extrema importância para melhorar a educação brasileira. Mas vem aquela velha questão dos baixos salários pagos aos educadores em nosso país. Como um professor que tem uma carga-horária altíssima, para conseguir um salário razoável, pode encontrar forças para chegar em sala de aula e exercer essa relação? Hoje, mais do que nunca, estou convencida que para ser professor é preciso paixão, vocação e muita força para lutar contra as injustiças que acontecem com a classe.
ResponderExcluirLindo texto Amor, sei que você tem tudo isso e que é um excelente professor.